sábado, 13 de outubro de 2007

CANABIS

A canabis é uma das drogas ilegais mais usadas em todo o mundo. As primeiras referências ao seu uso como fonte de fibras para vestuário e cordoaria datam de há 12000 anos, mas sabe-se que posteriormente foi recomendada para tratar a malária, dores reumáticas e desordens femininas, tendo também sido usado como anestésico. A principal substância responsável por estes efeitos chama-se tetrahidrocanabinol ao qual chamaremos, a partir de agora, simplesmente THC.

O THC existe na planta em causa (cujas folhas podem ser fumadas ou ingeridas, quando secas) em quantidades apreciáveis, mas o seu teor é superior no haxixe, uma droga sintética que se obtém a partir da resina das flores.

O baixo preço e a relativa facilidade de obtenção desta droga (até por crianças em idade escolar) tornam necessário alertar a população em geral para os riscos que advêm do seu consumo, quer este seja com fins terapêuticos, quer seja meramente recreativo e social. Estes riscos são diferentes num utilizador esporádico e num utilizador regular.

A canabis provoca euforia (com risos espontâneos) e relaxamento, e muitas vezes estes são motivos que conduzem ao consumo. No entanto podem surgir efeitos que não são desejados por parte do consumidor e sobre os quais ele não tem controlo. Entre estes destacam-se os seguintes: ansiedade, pânico – mais pronunciados nos idosos e nas mulheres e menos frequentes nas crianças – depressão, descoordenação motora, prejuízo na memória recente e taquicardia (aumento do número de batimentos cardíacos). Pode haver um risco aumentado de acidentes caso a pessoa conduza enquanto estiver sob o efeito da droga, sobretudo se o seu uso se associar ao do álcool. Conclui-se, assim, que a toxicidade aguda dos canabinóides (parte dos compostos que constituem a canabis, por exemplo: THC) é muito baixa.

No entanto, quando consumida regularmente os riscos aumentam e intensificam-se. Começam a observar-se problemas cardiovasculares e respiratórios (bronquite crónica, tosse ou até mesmo cancro, possivelmente devido ao fumo e sobretudo se associado ao tabaco) e as defesas do organismo ficam diminuídas. Também surgem efeitos reprodutivos, tais como diminuição da produção hormonal e da produção de espermatozóides, os quais são menos móveis e menos viáveis, ou seja, há redução da fertilidade masculina. Quando consumida durante a gravidez conduz, normalmente, a uma diminuição do peso do feto; crianças com cerca de 4 anos que foram expostas à droga durante a gestação apresentam quase sempre dificuldade em manter a atenção. Em doentes com esquizofrenia, o uso de canabis pode conduzir ao desencadeamento de uma crise na qual os sintomas podem estar exacerbados; o síndroma amotivacional (apatia generalizada e passividade) é também comum. É possível que haja uma relação entre o consumo de marijuana (como também é conhecida a canabis) e o mau desempenho escolar de adolescentes ou a instabilidade no trabalho. O consumo desta droga também pode induzir ao crime e afectar a sanidade mental.

Embora não seja regra geral, pode ser necessário aumentar a dose de consumo para obter os efeitos com a mesma intensidade (= tolerância), e também pode ocorrer o chamado “síndroma de abstinência”, normalmente chamado ressaca, quando se pára abruptamente o consumo regular. Neste caso surgem sintomas similares aos que conduziram inicialmente ao consumo da droga. No entanto, a ressaca é geralmente melhor tolerada do que outras drogas, passando ao fim de alguns dias. Um utilizador regular da droga pode tornar-se dependente, sendo esta dependência essencialmente psíquica, num processo semelhante ao do álcool.

Os produtos resultantes da transformação dos canabinóides no organismo podem ser detectados na urina, por períodos de 3 a 10 dias em utilizadores ocasionais, ou até 1 a 2 meses nos utilizadores crónicos.

A canabis é também usada com fins terapêuticos, recorrendo-se quer às folhas da planta para fumar, quer ao THC sintético (o dronabinol) para ingestão na forma de comprimidos.

A sua principal utilização é como anti-emético (para diminuir o enjoo) em doentes com cancro sujeitos à quimioterapia. Devido à sua capacidade estimuladora do apetite é também usada em doentes com SIDA. O THC também consegue reduzir a pressão intra-ocular, facto que possibilita a sua utilização no tratamento do glaucoma (doença devida a uma pressão intra-ocular elevada).

Outros usos desta droga na terapêutica reportam-se a desordens neurológicas como a esclerose múltipla, para tratar os espasmos musculares (contracção involuntária dos músculos) e a dor associada a essa doença. Também parece haver alguma vantagem na utilização da canabis na doença de Parkinson e outras desordens com movimentos distónicos (rigidez muscular).

Os canabinóides seriam analgésicos (medicamentos para o alívio da dor) muito úteis, sobretudo na enxaqueca, caso os seus efeitos psicoactivos pudessem ser eliminados. O seu efeito anti-inflamatório é benéfico na artrite reumatóide e outras doenças auto-imunes.

O seu uso como anti-depressivo é muito contestado dado que a depressão pode ser um dos seus efeitos agudos, tal como já foi referido anteriormente.

Além destas utilizações terapêuticas, também é possível recorrer à canabis com vista a diminuir as doses de outros medicamentos cujos riscos sejam maiores (ex. associado à proclorperazina no controlo do vómito), bem como no tratamento do cancro da pele.

Como se sabe, a questão da utilização desta planta na terapêutica é muito controversa já que o seu uso recreacional está proibido, ou seja, é uma droga ilegal. Torna-se, assim, necessário criar legislação que possibilite a prescrição desta droga pelos médicos, bem como o acesso legal à droga por parte dos doentes. O Estado poderia ser o responsável pelo fornecimento da canabis aos doentes mas esta atitude poderia ser vista como um “mau exemplo” para os jovens que passariam a achar a droga inofensiva. Outra hipótese seria permitir que os doentes cultivassem a planta para consumo próprio, correndo o risco de não se controlar o consumo por terceiros.

Enfim, a questão da legalização da canabis é muito polémica e envolve não só questões políticas como questões humanas, sociais e até económicas. Há autores que defendem que, enquanto ela não acontecer, há todo um mercado paralelo a ser alimentado, que movimenta muito dinheiro não declarado, à custa do qual os traficantes vão enriquecendo de forma ilegal. Mas para que esta legalização ocorra, é necessária uma justificação politicamente mais forte do que simplesmente permitir que um pequeno número de doentes use canabis com fins medicinais, já que este aspecto vai contra os tratados internacionais para controlo das drogas.

Sendo assim, a única maneira de evitar os riscos associados ao uso da canabis consiste em diminuir o seu consumo. Para isso podem fazer-se campanhas e ceder informação nas escolas com vista a educar os adolescentes e consciencializa-los dos perigos que correm quando consomem marijuana. É também essencial que os médicos que prescrevem canabinóides, ou que os aconselham “off the record”, alertem os seus pacientes para os efeitos indesejáveis de que poderão ser alvo, mesmo aqueles de que apenas se suspeite.

11 comentários:

Anónimo disse...

achei interessante introduzir este pequeno texto para as pessoas estarem mais informadas sobre a canabis.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

A informação nunca é demais. És espectacular. Obrigado amigo Filipe!

Anónimo disse...

Após várias visitas a este blog... e muito click lool... Encontrei um assunto realmente MUITO interessante. Com o qual aprendi qq coisa . Parabéns! a quem o postou.

Anónimo disse...

aprendeste como se faz um copy e paste?eu sei k é realmente um assunto interessante....

Anónimo disse...

copy e paste??
isso aprendi na primária :)

Anónimo disse...

foi?entao se calhar n consegui ensinar nada de novo....pensei que fosse uma coisa k ninguem soubesse....mas tambem pensando bem nao ha mt coisa que eu saiba alem do copy e paste...:(

Anónimo disse...

podias ter resumido isto para 4 linhas, mai ó ménos.

Anónimo disse...

desculpa la ó shuss, mas sabes que resumir n é o meu forte....

Anónimo disse...

vai-te foder costinha

Anónimo disse...

eu só sei nem ter uma conserva consigo, desculpa lá costinha por este momento de raiva, desculpa-me eu sou bruto por natureza espero que me desculpes.....