domingo, 14 de outubro de 2007

Poema Maduro



Trago-te, verde o poema,
ele não diz nada –
não responde à nossas filosofias
e é incoerente, ineficaz, inexistente
aos nossos combates e bandeiras brancas.

Quando entendemos o poema verde,
o que não saiu do livro,
nunca fora escrito
ou mal acabado, interminado,
pensaremos os versos mais lidos,
os versos mais humanos
contudo, seu conteúdo mais poético...

Espero que apreciem a maturidade deste poema...
Spartak DC

7 comentários:

Anónimo disse...

Há uma chave para desvendar este poema. Um poema eu considero ser de uma intensa ironia. Mas essa chave curiosamente não está no poema, mas apenas referenciada nele de modo indirecto. É uma pista que se lança ao leitor, mas apenas ao leitor mais interessado - um leitor de segundo nível, que ignora o tom superficial leve das palavras e se interessa pelo conteúdo escondido das intenções.

Anónimo disse...

Faz-me lembrar as famosas hipálages do Cesário Verde quando ele dizia "amareladamente os cães parecem lobos". Como eu gosto de boa poesia.

Anónimo disse...

Permita-me discordar caro Nuno. Cesário Verde era um sacana desgraçado com poesia pouco púdica e nada acrescentou. Mais lhe digo que esse senhor que já morreu e bem deveria estar hoje envergonhado do que fez na vida, ou seja, nada mais do que lamúrios e constatações levianas do seu ser sem qualquer interesse social...

Anónimo disse...

Finalmente uma tertúlia com pessoas que têm vocabulário sificiente para não se esconderem sob capas trussardi, marlboro ou giovanni galli. E realmente Cesário deveria ter continuado a pesar pregos, como fez em jovem.

Anónimo disse...

O problema dos génios é sempre este dualismo na interpretação das suas atitudes, comportamentos e juízos. Cesário não era um simples sacana, ao contrário do que se pensa era bem maduro, experiente e que deu grandes passos na sua vida através de pequenos gestos. Qual Torga vivia com os pés enterrados no pó dos campos e cheirava o crescer da erva. A desconstrução da estrutura fonética e gráfica dos seus poemas mostra que os lamúrios referidos deviam antes ser uma referência para uma sociedade à deriva e que não sabe interiorizar, interpretar e aprender com o suor dos outros. Enfim, deixem-no respirar ... como "as flores do verde pino"

Anónimo disse...

Ai Deus i o é...disse esse senhor verde, dos fundos do seu corpo inapto para a pratica desportivo com os seus amigos de bairro. Despertou para a sua poesia pouco ortodoxa e tribal fruto dessa incapacidade de acompanhar os seu pujantes vizinhos. Logo se constata que o sr. verde é um frustado melancolicamente enraivecido, qual touro no ringue...

Anónimo disse...

Esse comportamento insipiente e prosaico em nada mancha uma latitude de pensamento e escrita séria e convicta. A frustração deriva do facto de se sentir um peixe (por sinal um "verdinho") fora de água num universo mutante, sem rumo e que abafa os companheiros com visão. A sociedade corrompeu-o, e apoderou-se dos seus vícios, dos ópios, dos "ácidos". Nunca um touro enraivecido, mas sim um touro desprezado e impotente perante dez Bastinhas na arena.

"Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos. "